terça-feira, 3 de abril de 2012

Akhenaton – Um faraó e sua possível participação no espectro autista.





Não resisti. Preciso compartilhar minha peculiar viagem na maionese relacionada ao misterioso Faraó egípcio da Décima Oitava Dinastia, cujo reinado foi de 1364 a.C. a 1347 a.C.

Trata-se de Akhenaton, o segundo filho homem do faraó Amenhotep III e da rainha Tiye. Poucos dados históricos se tem sobre a vida desse extraordinário faraó, cuja fama passa por revolucionário, herege, corrupto, gênio, extraterrestre, antecessor de Moisés no que se refere ao monoteísmo e vai até uma personalidade de suma importância na origem das ciências místicas e esotéricas.

Na verdade eu não sei nem porque resolvi escrever sobre isso, talvez porque ontem tenha sido o dia do autismo, quem sabe a gente não possa colorir de azul essa pessoa notável lá de um dos pontos do início da história de nossa civilização. Akhenaton, indivíduo de minha mais profunda admiração, era um ser diferente, “esquisitão” e tinha uma fixação maravilhosa em Aton, o Deus único. Seria ele uma pessoa que hoje enquadraríamos no espectro autista?

Vamos ver.

Seu nome original era Amenhotep IV. Ele não era para ter sido faraó, pois tinha um irmão mais velho, Thutmose V e esse seguiria o reinado de seu pai. Mas eis que o príncipe Thutmose morre ainda criança e como consequência seu irmão, o menino Amenhotep IV assumiria seu lugar.

Mas Amenhotep IV não era uma criança comum. Era de fato uma criança especial. Ele nunca aparecia em público, era normalmente mantido em casa, longe das vistas do povo. Seu comportamento era meio diferente, ele não gostava de multidões, era lento, desajeitado, seus movimentos eram estranhos, sua coordenação motora era precária e sua mãe tinha um grande zelo por ele. Por que um futuro faraó era mantido praticamente escondido das pessoas enquanto o comum de se ver era exatamente o contrário?

Nessa época o Egito era politeísta e a crença no deus Amon era predominante. Amon era um dos oito deuses do Egito antigo e na Décima Segunda Dinastia ele foi adotado em Tebas como o rei dos deuses. No Novo Reinado, a partir da Décima Oitava Dinastia, manifestado como Amon-Ra, o deus era considerado o pai e protetor do faraó, e ganhou um destaque tão grande que uma espécie de monoteísmo que o cultuava se evidenciava. O clero ganhava poder já que Amon-Ra revelava-se aos sacerdotes que controlavam os oráculos divinos. O poder dos sacerdotes de Amon era grande a ponto de fazer páreo com o poder do faraó, fato que preocupava bastante Amenothep III, já doente e no final de seu reinado.

Então finalmente chega o dia do rapazinho Amenhotep IV assumir o reinado. O Egito nessa época se encontrava no auge de sua glória imperial. O país estava seguro, rico e próspero. Nas margens do rio Nilo eram construídos templos em homenagem aos deuses, pois acreditava-se que se os deuses estavam felizes, o país prosperaria.

Amenhotep em seu primeiro ano como faraó já dava mostras de seu comportamento muito diferente para a época. Ele fixa-se na ideia do deus único, Aton e passa a divulgá-lo como o Deus todo poderoso fazendo uma reforma religiosa no país. Aton era representado por um disco solar com raios longos que terminavam em mãos generosas abençoando o faraó e sua família. Os sacerdotes de Amon já passam a ter poderes bem menores do que o faraó. O jovem faraó construiu um grande templo para Aton em Karnak, bem de frente ao templo de Amon. As características artísticas da arquitetura e dos desenhos e pinturas passam a ter um estilo inteligente e totalmente diferente do comum. Tudo que se refere a Amon passa a ser destruído e Aton passa a ser ressaltado mais ainda. Ele se casa com a bela Nefertiti, seu braço direito em seu mandado, com quem teve seis filhas ao longo do tempo. Ele possuía outras esposas de importância secundária, e com uma delas, Kiya, vários anos depois, teve seu filho homem, Tuthankaton.

Lá pelo quinto ano de seu reinado Amenhotep IV (cujo nome significa Amon está contente) muda seu nome para Akhenaton (espírito vivo de Aton), e constrói uma nova cidade chamada Akhetaton (conhecida hoje por Amarna)  e muda-se para lá com sua família e dali passa a governar o Egito. Amarna era seu isolamento, era onde ele poderia vivenciar seu mundo particular e expressar as suas ideias políticas, sociais, religiosas e monoteístas, e essas ideias eram refletidas na expressão artística da época. As estátuas de Akhenaton o retratavam com um corpo andrógeno, com os seios e abdômen proeminentes. Dizem ser uma forma de expressar Aton e seus lados feminino e masculino.

Akhenaton tinha uma forma muito única e bonita de expressar Aton. O faraó amava seu Deus, e Deus amava o povo. Tornar o povo livre era libertar a vontade do povo, e se essa era a vontade de Aton, também era a vontade do rei. Era um homem da paz e do bem, que não gostava de injustiças, não queria guerras. Durante um tempo de seu reinado ele sentiu-se pleno e realizado sob as bênçãos de um único Deus. Ali nascia toda uma nova filosofia divina que no futuro ganharia força através de Moisés e mais adiante seria consagrada por Jesus.

Nesse meio tempo, pelo Egito, pessoas do povo mantinham seus cultos a Amon. O Egito que já iniciara um declínio no início do reinado de Akhenaton , entrava em total decadência. O governo econômico e político do faraó não era dos melhores, pois seu mundo particular estava tão ligado a Aton que, creio eu, ele não deu muita importância em resolver o resto dos assuntos de seu mandado. Após dezessete anos de reinado, Akhenaton morre e o Egito passa a ser reinado por seu filho, ainda criança.

Amon volta a ganhar força, o nome do pequeno faraó, por motivos políticos e para o agrado dos sacerdotes de Amon, é mudado para Tuthankamon, e este casa com sua irmã. Mas Tuthankamon não consegue reinar por muito tempo e morre muito cedo. Os faraós que se seguiram voltaram a cultuar Amon e Akhetaton/Amarna foi extinguida. Tudo que lembrava Akhenaton e suas ideias monoteístas foi destruído e praticamente nada restou que pudesse lembrar o faraó considerado herege.

E essa é a história resumida da vida de um faraó que precisou se isolar de sua história original e das crenças de seu povo para viver de acordo com suas próprias regras. Um tracinho de autismo? Figura Asperger? Quem sabe!

Mas, lendo alguns versos de seu Hino a Aton, podemos ter uma ideia da alma evoluída que tinha aquele faraó diferente e especial:

“Apareces cheio de beleza no horizonte do céu, disco vivo que iniciaste a vida. Enquanto te levantaste no horizonte oriental, encheste cada país da tua perfeição... Porque és Sol, conquistaste-os até aos seus extremos, atando-os para teu filho amado. Por longe que estejas, teus raios tocam a terra. Estás diante dos nossos olhos, mas teu caminho continua a ser-nos desconhecido...Se te levantas, vive-se; se te pões, morre-se. Tu és a duração da própria vida; vive-se de ti...”

Bom, se minha imaginação pecou, pelo menos voamos um pouco pela história mais bonita do Egito Antigo. Mas caso Akhenaton estivesse no espectro, ainda assim ele tinha uma missão especial e revolucionária de mudar o mundo e conectar seu povo com Deus, com muita Luz, Vida e Amor.

Talvez o autismo traga disfarçadamente uma missão bem altruísta para nossas crianças. Viajei de novo? Quem sabe...

Paz Profunda!

Um comentário:

  1. Amei, só quem convive e pesquisa poderia ter essa visão, além de uma aula de História como poucas. Bjs

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